
Uma geração brilhante de jogadores vindos das cantera foi a protagonista da década de 80. A “Quinta del Buitre”, liderada por Emilio Butragueño, fez do Real Madrid uma das melhores equipas da história. Os golos de Hugo Sánchez também tiveram um papel muito importante nos êxitos desta década. Os brancos conquistaram as duas primeiras Taças UEFA e patentearam as históricas reviravoltas europeias e as noites mágicas do Bernabéu.
Em 1983, o Castilla sagrou-se campeão da Segunda Divisão sob as ordens de Amancio e com o magnífico contributo de cinco jogadores: Pardeza, Sanchís, Míchel, Martín Vázquez e Butragueño. Estas jóias da cantera foram uma grande descoberta e Di Stéfano não hesitou em subi-los à equipa principal. A erupção deste grupo deu-se a partir de 1985, com a conquista de cinco Ligas consecutivas e recordes importantes, como o do número máximo de golos no campeonato, 107.
O avançado mexicano Hugo Sánchez teve muito peso nos referidos sucessos. Ao lado dos veteranos Juanito, Valdano e Santillana, integrou-se na perfeição com a ‘Quinta’. Nas sete temporadas em que vestiu de branco, marcou 251 golos, sendo Pichichi em quatro delas. Ficaram na retina dos adeptos madridistas os seus festejos, com um salto mortal.
Foi nesta década que o Real Madrid conquistou a sua primeira Taça UEFA. Chegou na temporada de 1984-85, tendo batido numa final a sua mãos o Videoton. Tratava-se de uma equipa praticamente desconhecida até então, que tinha deixado fora de combate PSG, Partizan de Belgrado e Manchester United. Na época seguinte, os brancos revalidaram o título, graças a uma impensável reviravolta. Depois de terem sido derrotados por 5-1 na primeira mão dos oitavos-de-final, pelo Borussia Mönchengladbach, na segunda mão escreveram história e, com dois golos de Valdano e outros tantos de Santillana, carimbaram a passagem aos quartos (4-0).
A Liga da temporada 1986-87 foi a mais longa da história. O tradicional sistema de campeonato a duas voltas foi reformulado, sendo-lhe acrescentando um play-off final. A criatividade de Butragueño, uma defesa sóbria, a garantia proporcionada por Buyo entre os postes e os golos de Hugo Sánchez, deram o título ao Real Madrid na penúltima jornada. O avançado mexicano foi eleito pelos demais jogadores da Primeira Divisão como o jogador do ano. Além disso, ganhou, pela terceira temporada consecutiva, o título de máximo marcador da Liga, com 34 golos.
O sorteio da primeira eliminatória da Taça UEFA da época 1987-88 ditou um duelo entre o Real e um Nápoles liderado por Maradona. Os brancos tinham de disputar a primeira mão em casa e à porta fechada. Por esse motivo, Beenhakker preparou o jogo nessas mesmas condições. O Real Madrid efectuou dois jogos no Santiago Bernabéu com um Castilla que estava equipado com as cores do conjunto italiano. Esses treinos deram os seus frutos e o clube madridista bateu o Nápoles no ‘jogo do silêncio’ (2-0). Perante a ausência de adeptos, o clube colocou bandeiras e cartazes para dar colorido às bancadas e os elementos da Junta Directiva abandonaram a tribuna de honra para apoiar a equipa junto à linha lateral.
Apesar de não ter ganho qualquer Taça dos Campeões Europeus nos anos 80, os brancos continuaram a dar que falar no Velho Continente e a revista France Football elegeu o Real Madrid como melhor equipa europeia da década. A Alfredo Di Stéfano foi outorgada a Super Bola de Ouro, na qualidade de melhor jogador dos últimos 30 anos.